Autorizações de residência a vítimas de tráfico humano quase triplicaram em 2024, diz governo
04/07/2025
(Foto: Reprodução) Número corresponde a autorizações concedidas a estrangeiros pelo governo brasileiro por tráfico de pessoas, trabalho análogo a escravidão ou violação de direitos. O número de autorizações de residência concedidas pelo governo brasileiro a estrangeiros vítimas de tráfico de pessoas, trabalho análogo ao de escravo ou violação de direitos quase triplicou no ano passado, segundo informou o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Os dados estão no Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas referente a 2024, divulgado nesta sexta-feira (4).
De acordo com o documento, o número de autorizações passou de 33, em 2023, para 91, no ano passado, o maior número pelo menos desde 2017.
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A maior parte dessas autorizações de residência concedidas no ano passado foi para homens, 77 no total. Outras 14 foram para mulheres.
Das 91 autorizações concedidas em 2024, 62 (78%) foram para paraguaios.
De acordo com fontes do Ministério da Justiça, esses paraguaios foram, em sua maioria, vítimas de tráfico de pessoas para fins de trabalho análogo ao de escravo, em fábricas clandestinas de cigarros e bebidas, por exemplo, aqui no Brasil.
Outras nacionalidades beneficiadas com a medida foram:
bolivianos: 21
peruanos: 3
argentinos: 2
Outras três autorizações foram concedidas para migrantes originários do Camarões (1), Polônia (1) e Uganda (1).
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Caíque Rodrigues/g1 RR
Brasileiros vítimas no exterior
O relatório também traz os registros de possíveis vítimas brasileiras de tráfico de pessoas feitos em postos consulares do Brasil no exterior.
De acordo com o documento, 63 registros desse tipo foram feitos no ano passado. O documento não traz dados de anos anteriores.
Mais da metade desses registros (40 pessoas ou 63,5% do total) envolviam brasileiros vítimas de trabalho em condições análogas à de escravo para trabalho em plataformas digitais de apostas. De acordo com fontes do Ministério da Justiça, todos esses casos foram registrados em países asiáticos.
Em segundo lugar estão os casos de tráfico de pessoas para fins de exploração sexual, com oito registros no ano passado, equivalente a 12,7% do total.
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🌍O país com mais registros de brasileiros vítimas de tráfico de pessoas foi Filipinas. Na sequência estão Laos (11) e Camboja (7). Os três países ficam na Ásia.
🌍A lista segue com Nigéria, com 5 registros, Bélgica (4) e Itália (3).
Inquéritos da PF
O relatório informa ainda que aumentou em 31% o número de inquéritos abertos pela Polícia Federal para investigar crimes de tráfico de pessoas. Passou de 103, em 2023, para 149, em 2024.
Do total de 2024, a maior parte (61) apura trabalho análogo ao de escravo, seguindo pelos casos de tráfico de pessoas para exploração sexual (47).
No ano passado, a PF deflagrou 20 operações para investigar esses crimes, contra 11 em 2023. No total, 33 pessoas foram indiciadas pela PF no ano passado por esses crimes.