Caso Benício: prescrição foi escondida em jalecos por medo de alteração da médica após erro na adrenalina, dizem depoimentos

  • 11/12/2025
(Foto: Reprodução)
Caso Benício: Câmeras do hospital registram últimos momentos do menino A prescrição médica que autorizou a aplicação de adrenalina na veia do menino Benício Xavier, de 6 anos, foi escondida nos jalecos da enfermeira Francineide Macedo e da técnica Tabita Costa, no Hospital Santa Júlia, em Manaus, por medo de que a médica responsável, Juliana Brasil, alterasse o documento após perceber o erro na dose, segundo depoimentos prestados pelas duas à Polícia Civil, que investiga o caso. Benício morreu em 23 de novembro, depois de receber o medicamento de forma indevida. Segundo as investigações, a médica Juliana Brasil prescreveu a dose errada, e a técnica de enfermagem Raiza Bentes aplicou o medicamento na veia da criança. Juliana admitiu o erro em um documento enviado à polícia e em conversas com o médico Enryko Queiroz, embora a defesa alegue que a confissão ocorreu no “calor do momento”. Raiza, por sua vez, afirmou em depoimento que apenas seguiu a prescrição da médica ao aplicar a adrenalina de forma intravenosa e sem diluição. Ela disse ainda que informou a mãe de Benício sobre o procedimento e mostrou a prescrição antes de realizar a aplicação. As duas respondem ao inquérito em liberdade. Apenas a médica recebeu habeas corpus, que impede sua prisão, enquanto a técnica não teve o mesmo benefício. As decisões foram tomadas por desembargadores diferentes durante o plantão judicial. ENTENDA: Por que a Justiça deu habeas corpus à médica e negou à técnica Francineide e Tabita relataram à Polícia Civil que mantiveram a prescrição original, assinada por Juliana, para impedir que fosse substituída por uma nova, o que poderia interferir na apuração do caso. O g1 teve acesso aos depoimentos originais até a última atualização. 📲 Participe do canal do g1 AM no WhatsApp Conforme relatos prestados ao delegado Marcelo Martins, responsável pelas investigações, a prescrição foi inicialmente guardada pela enfermeira Francineide, que a manteve no bolso por receio de que fosse alterada. Durante o atendimento, a prescrição passou temporariamente para o jaleco da técnica Tabita, que a manteve segura até devolvê-la ao enfermeiro Tairo Neves Maciel, supervisor dos técnicos de enfermagem no dia da ocorrência. LEIA TAMBÉM: Cronologia do atendimento de Benício mostra sequência que levou à morte da criança Colega de trabalho diz em depoimento que alertou técnica para não aplicar adrenalina na veia Caso Benício: criança que morreu após receber adrenalina na veia faria 7 anos no Natal O que disse a enfermeira Francineide A enfermeira Francineide Macedo contou que, logo após o agravamento do quadro de Benício, recomendou com urgência a transferência do menino para a UTI. Segundo ela, a médica chegou a questionar a internação: “Mas vai ser preciso?”, perguntou Juliana, e Francineide respondeu: “Sim! Vamos agilizar a internação!”. Temendo que a médica rasgasse a prescrição para emitir uma nova, Francineide guardou o documento no bolso, que posteriormente chegou às mãos da técnica Tabita. A ordem cronológica exata de como o documento foi repassado não foi detalhada no relatório dos depoimentos. Imagens exclusivas revelam como foi o atendimento ao menino Benício, vítima de um erro médico O que disse a técnica de enfermagem Tabita A técnica Tabita Costa disse que manteve a prescrição impressa em seu jaleco enquanto fazia as anotações do atendimento. Após a transferência de Benício para a UTI, ela foi procurada por Tairo, que pediu que não entregasse o documento à médica. Tabita manteve a prescrição com ela até devolvê-la a Tairo, que continuou guardando o documento. Segundo ela, a equipe temeu que o documento fosse apagado do sistema e substituído por uma nova prescrição. Posteriormente, Tabita relatou que percebeu que Juliana havia registrado reconhecer o erro, mas também atribuiu responsabilidade à equipe de enfermagem. A Polícia Civil segue investigando responsabilidades pela morte do menino. Possível adulteração de provas A Polícia Civil informou que investigava uma possível tentativa de adulteração de provas pela médica Juliana Brasil Santos, responsável pela prescrição incorreta de adrenalina que levou à morte de Benício Xavier. Segundo o delegado Marcelo Martins, titular do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), profissionais presentes no hospital relataram a tentativa de adulteração. "A médica teria tentado obter acesso à prescrição original para suprimi-la e editar os dados no sistema, de forma que não constasse o erro na administração da adrenalina, aplicada pela via endovenosa e não pela nebulização", disse Martins. O Hospital Santa Júlia informou que não vai se manifestar sobre o caso. Defesa da médica questiona mudança no registro de óbito do menino de crise respiratória para intoxicação dois dias depois O caso Caso Benício: erros em série causaram morte de menino de 6 anos com dose de adrenalina Segundo o pai, Bruno Freitas, o menino foi levado ao hospital com tosse seca e suspeita de laringite. Ele contou que a médica prescreveu lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina intravenosa, 3 ml a cada 30 minutos. A família disse ao g1 que chegou a questionar a técnica de enfermagem ao ver a prescrição. De acordo com Bruno, logo após a primeira aplicação, Benício apresentou piora súbita. “Meu filho nunca tinha tomado adrenalina pela veia, só por nebulização. Nós perguntamos, e a técnica disse que também nunca tinha aplicado por via intravenosa. Falou que estava na prescrição e que ela ia fazer”, relatou o pai. Após a reação, a equipe levou a criança para a sala vermelha, onde o quadro se agravou. A oxigenação caiu para cerca de 75%, e uma segunda médica foi acionada para iniciar o monitoramento cardíaco. Pouco depois, foi solicitado um leito de UTI, e Benício foi transferido no início da noite de sábado. 📲 Participe do canal do g1 AM no WhatsApp Na UTI, segundo o pai, o quadro piorou. A equipe informou que seria necessária a intubação, realizada por volta das 23h. Durante o procedimento, o menino sofreu as primeiras paradas cardíacas. O pai relatou que o sangramento ocorreu porque a criança vomitou durante a intubação. Após as primeiras paradas, o estado de Benício continuou instável, com oscilações rápidas na oxigenação. Minutos depois, Benício apresentou nova piora e não respondeu às manobras de reanimação. Ele morreu às 2h55 do domingo. “Queremos justiça pelo Benício e que nenhuma outra família passe pelo que estamos vivendo. O que a gente quer é que isso nunca mais aconteça. Não desejamos essa dor para ninguém”, disse o pai. Em nota, o Hospital Santa Júlia informou que uma médica e uma técnica de enfermagem foram afastadas de suas funções e realizou uma investigação interna pela Comissão de Óbito e Segurança do Paciente. Infográfico - Caso Benício Arte g1 Benício Xavier, de 6 anos, morreu após receber dose incorreta de adrenalina em hospital de Manaus. Redes sociais

FONTE: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2025/12/11/caso-benicio-prescricao-foi-escondida-em-jalecos-por-medo-de-alteracao-da-medica-apos-erro-na-adrenalina-dizem-depoimentos.ghtml


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