COP30 representa reação do mundo que valoriza a ciência
06/11/2025
(Foto: Reprodução) Trigésima Conferência do Clima representa uma reação do mundo que valoriza a Ciência
A 30ª Conferência do Clima representa uma reação do mundo que valoriza a ciência, que defende a cooperação entre os países e propõe diálogo e consensos para superar os desafios do clima. É o que mostra a reportagem de Sônia Bridi.
A queima de petróleo, gás e carvão – os combustíveis fósseis – é vista pelo satélite Observatório de CO₂, da Nasa. Não é por acaso que a mancha aparece mais forte sobre Estados Unidos e China, que juntos emitem 40% dos gases que esquentam o planeta.
Mas como era a atmosfera do planeta antes disso? No gelo da Groenlândia e da Antártica, os cientistas encontraram provas. Eles perfuram o gelo e tiram amostras – quanto mais fundo, mais voltam no tempo. As bolinhas de ar revelam quanto gás carbônico havia na atmosfera quando aquela neve caiu. Em 800 mil anos, a concentração de carbono variou entre eras do gelo e períodos quentes. Mas o máximo era 280 partes por milhão. Entram combustíveis fósseis na jogada, e em menos de um século já estamos perto de 430.
A relação entre as atividades humanas e o aquecimento não é resultado de um estudo, mas de dezenas de milhares de estudos como esses que você viu, que formam uma montanha de evidências de que esse aquecimento está afetando as florestas, os oceanos e mudando o clima em todo o planeta.
A pesquisadora Patrícia Pinho é do painel de cientistas da ONU.
Sônia Bridi, repórter: Há alguma dúvida de que a causa é humana e é provocada pela queima de combustíveis fósseis?
Patrícia Pinho, cientista do IPCC: Nenhuma dúvida. Essa é a verdade irrefutável.
Repórter: Mas, então, de onde vem tanto negacionismo climático?
Patrícia Pinho: São setores que estão muito apegados a não mudar. A gente esquece que, também, a crise climática tem alguém que está se beneficiando. É tal como o desmatamento: alguém lucra com isso.
O desmatamento é duplamente prejudicial para o clima. É a cada vez que uma semente encontra um bom lugar, uma indústria química de limpeza do ar brota do chão. Tocada pela energia do sol, ela captura do ar o CO₂, devolve o oxigênio e guarda o carbono em forma de tronco, galhos, folhas, raízes. Metade de uma árvore é carbono. Todos os anos, as florestas tiram do ar e guardam em seus corpos quase um terço de todos os gases emitidos. Mas elas também sofrem com o calor. A Amazônia está um 1,5ºC mais quente. Em 2024, teve uma seca recorde.
COP30 representa reação do mundo que valoriza a ciência
Jornal Nacional/ Reprodução
O leste da Amazônia já perdeu 40% da floresta e, sem árvores, chove menos.
“Então, juntou um cenário de temperaturas altas, super seco, a floresta ficou mais inflamável porque ela estava mais seca. A gente teve essa condição climática extrema a favor de quem quer destruir a floresta”, afirma Luciana Gatti, pesquisadora do Inpe.
Em 2024, os incêndios criminosos atingiram uma área 23 vezes maior do que a do desmatamento. Depois do fogo, um avião equipado por instrumentos sobrevoou vários pontos da floresta, em diferentes altitudes. A conclusão:
“Isso provocou um tamanho estresse que a floresta removeu menos carbono da atmosfera. A gente quase não vê remoção de carbono, e a gente viu o recorde de emissão", diz Luciana Gatti.
Naquele momento, tinha mais plantas morrendo do que crescendo.
"Quando a matéria orgânica – árvore, folha, galhos – morre, ela está decompondo, e isso é fonte de CO₂ para a atmosfera”, explica Luciana Gatti.
Por isso, a ciência afirma que preservar e restaurar a floresta. Sem as árvores, todos os outros esforços para conter o aquecimento podem ser em vão.
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